Sobre o rio ou sob o rio

O Rio Amazonas não é apenas um rio. Ele é o coração, pulsando no peito verde da Amazônia.
Nasce tímido, nos Andes peruanos, como se fosse apenas um fio de água, mas logo ganha força, até tornar-se o maior e mais poderoso rio do planeta — não em extensão, mas em volume. Seu corpo d’água carrega mais de 20% de toda a água doce que chega aos oceanos. É como se a Terra respirasse por ele.

O Amazonas não corre sozinho; ele abraça mais de mil afluentes, formando uma rede de vida que alimenta a floresta. Suas margens guardam cidades, lendas e um silêncio profundo que às vezes só é quebrado pelo som das águas. Em época de cheia, ele se espalha como um oceano de água doce, engolindo praias, árvores e campos, e mostrando que o tempo, ali, é medido pelo movimento das águas.

Mas há um segredo que poucos conhecem: sob o gigante visível, corre outro gigante invisível — o Rio Hamza. Descoberto por cientistas brasileiros, o Hamza ecoa silencioso a cerca de 4 mil metros de profundidade, acompanhando o curso do Amazonas por mais de 6 mil quilômetros. É como se a terra tivesse um reflexo subterrâneo, espelhando a grandiosidade da superfície. Enquanto o Amazonas se expande sob o sol, o Hamza se move na escuridão, lento e sereno, fluindo como uma artéria sob a pele da Terra.

Assim, sobre e sob o chão, o maior rio do mundo corre duas vezes.
Um visível, outro secreto.
Ambos carregando histórias, memórias e a certeza de que Deus é capaz de obras tão vastas que ultrapassam o entendimento humano.

Por Matheus Pinheiro

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