Meu pai nunca foi de abraços nem de diálogos; suas palavras eram diretas, muitas vezes imperativas. Seu amor se manifestava no silêncio, na mesa sempre farta, no teto seguro sobre nossas cabeças. Trabalhava como quem carrega o peso do mundo, e talvez por isso tivesse pouco tempo para gestos de carinho.
Sabia pouco de livros, mas muito da vida — e foi assim que me ensinou as lições mais valiosas. Amava do jeito que sabia: não com palavras, mas com o cumprimento do dever. Ações simples, que para muitos parecem apenas obrigação, para ele eram expressão de uma vida inteira de doação.
Não o julgo pelos erros; poderia ter feito diferente, talvez melhor. Sou grato por quem esteve sempre ali, firme e silencioso. No fim, entendi que o amor, muitas vezes, se esconde naquilo que nunca nos faltou, presença.


